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09/08/21

Uma geração danificada

Vacinar jovens abaixo de 20 anos não é recomendado pela OMS nem pelas associações de pediatria. As vacinas tem causado problemas cardíacos neste público e somente 1% deles foi infectado em um ano e meio. Tirando raras exceções com comorbidades, nenhum teve sintomas graves e 98% foram assintomáticos.

Porém, existe uma boa razão para vacinar esse pessoal: o psicológico abalado pelas medidas contra a pandemia e o terror criado em torno da doença, chegando a dizer que um estudante poderia infectar e matar seus pais e avós, afirmação absurda repetida à exaustão por "especialistas" no início da pandemia.

A vacina vai dar um pouco de tranquilidade a esta geração.

Uma geração extremamemte afetada por perder a fase da vida em que a pessoa socializa mais, vai a festas, curte os aniversários dos amigos, brinca, pratica esportes e dança, circula nas praias e nos shoppings, namora, beija, abraça, experimenta, encontra antigos e novos amigos na escola e na faculdade, monta sua tribo, viaja, enfim... vive.

Tudo isso foi tirado desta geração, hoje entre 10 e 20 anos, e nunca será reposto. É uma parcela da sociedade que não teve infância nem adolescência e os efeitos disso serão enormes na sua formação adulta. Uns serão mais carentes por falta de contato físico nesta pandemia, outros se tornarão frios e distantes pelo mesmo motivo.

O namoro, momento essencial na vida de qualquer jovem, lhes foi negado e, nos próximos anos, eles ainda vão pensar duas vezes na hora de dar um beijo na boca ou ficar agarradinhos. Além disso, o terror imposto por uma midia exagerada e sem noção do que fazia fragilizou este público.

A falta de exercício e atividades físicas vai gerar um pessoal sedentário e mais obeso. A ausência de brincadeiras e experimentação afetará sua personalidade e a capacidade criativa. O excesso de tempo gasto em telas, como celular e tablets, já está causando um aumento de doenças oculares, em especial a miopia.

Mas o pior é o peso da responsabilidade de "infectar a família" se saísse à rua, demais para alguém tão jovem, obrigado a pensar na morte numa fase em que nos achamos imortais. O medo de perder os pais, comum apenas em famílias de policiais, bombeiros ou de quem tem profissões perigosas, se tornou geral e opressor.

Os jovens se tornaram os "fiscais" das medidas em casa, exagerando no uso do alcool gel, entrando em pânico se uma sacola chegou da rua sem ser higienizada. Uma preocupação quase paranóica gerada por aquela enorme responsabilidade jogada em suas costas.

Observo os efeitos da pandemia em minha filha, seus colegas e nos filhos de amigos meus. Fico triste por tudo o que eu vivi e ela não viveu nesta fase da vida, por toda a felicidade que tive e que foi sonegada a ela numa época essencial de nossa existência. Sobra torcer para que os jovens superem isso. Mas não será fácil.

Posted by at 12:19 PM
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