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26/12/19

A indústria da saúde faz mal a voce

Um levantamento mostrou que os brasileiros gastam com remédios 12 vezes mais que o governo. Faz sentido, porque o governo só compra os remédios que precisa. Mas vá em qualquer casa e voce vai ver dezenas de remédios comprados que nunca foram usados e até perderam a validade.

Ao longo dos anos, a indústria da saúde (farmacêuticas, médicos e laboratórios) fizeram quase uma lavagem cerebral para tornar seus serviços "imprescindíveis" o ano inteiro, para gerar vendas sem que o consumidor tivesse realmente necessidade deles.

As últimas gerações já nasceram com algumas regras impostas. Voce tem que fazer pelo menos duas consultas ao médico por ano. Voce deve ir ao médico por qualquer bobagem. Ele deve pedir exames completos "por segurança". Voce precisa fazer outros todo ano por causa de doenças "silenciosas".

Voce precisa ter certos remédios em casa o ano todo. No mínimo analgésicos, pomada para queimadura, antialérgico e um monte de outros. Antigamente, bastava ter mertiolate, AAS e band-aid. Nas raras vezes em que aparecia a necessidade de outra coisa, a pessoa ia a uma farmácia e comprava só o que precisava.

Mas isso não garantia o aumento de vendas que a indústria queria. Então, se passou a assustar as pessoas com o que "pode acontecer" em casa e insistir na necessidade de ter todo tipo de remédio na "farmacinha" caseira. Ao mesmo tempo se passou a desprezar a medicina natural, demonizando chás e ervas que sempre funcionaram.

As fábricas de remédios montaram um exército de representantes para visitar os médicos, dar dinheiro, viagens e presentes caros para que eles receitassem seus produtos. Muitos receitavam sem o paciente ter necessidade deles. Muitos receitavam uso mais prolongado que o ideal.

Cheguei a ver dois ou três representantes na antesala de um médico muito querido que eu visitava às vezes. Boa parte do dia útil passou a ser gasto com este pessoal. As farmacêuticas também investiram bilhões de reais em propaganda e até quem nunca tinha dor de cabeça passou a ter aspirina e Doril em casa. "Vai que..."

Doenças mais rentáveis (como diabetes, coronárias e câncer) passaram a ter mutirões de consultas que alimentam um mutirão de exames, que alimenta um mutirão de tratamentos com remédios, que alimenta um mutirão de cirurgias. Que alimenta o pós-operatorio. E todo mundo fica rico.

As doenças mais rentáveis têm até uma cor para as campanhas. É o Mês Azul, Verde, Vermelho, Dourado, Roxo, Amarelo... chegou a um ponto em que cada mês tem duas ou três cores e ninguém sabe direito que exames é "obrigado" a fazer naquele momento.

Note que nenhum país desenvolvido tem mutirões de câncer de mama, diabetes, próstata, etc. Todos eles consideram os mutirões nocivos para a sociedade, desnecessários e perigosos pela quantidade de falsos positivos que geram. Só o Brasil abraçou essa máquina de fazer dinheiro na saúde.

Os planos de saúde com consultas e exames ilimitados completaram o esquema, fazendo milhões de pessoas ir ao médico e pedir todos os exames a toda hora, sem necessidade alguma, apenas "para prevenir". Todo este conjunto é um círculo vicioso que uma hora precisa acabar.

As pessoas precisam reaprender a confiar no próprio corpo, que tem uma regeneração fantástica, que possui mecanismos para curar sozinho a maioria das doenças e problemas. Machucou? Sangrou? Seu corpo vai estancar a ferida e criar uma casca com o próprio sangue para fechá-la.

Nosso corpo é tão incrível que, ao detectar uma veia entupida, ele cria novas veias ao redor para desviar o fluxo do sangue. Dor de cabeça passa. Febre passa. Tosse passa. Dores passam. Gripe passa. Machucados se curam sozinhos. Joelho ralado também. Uma tontura uma vez ou outra no ano não significa nada.

As pessoas precisam reaprender que limão e laranja afastam gripes, que ameixa e mamão soltam intestino preso, que maçã e banana verde ajudam a segurar diarréia, que o chá de camomila elimina gases e melhora hemorróidas, que o de gengibre melhora enjoos e náuseas, que o de alho baixa a pressão.

As pessoas precisam reaprender a só ir a um médico quando a coisa for séria, quando não pode ser tratada em casa ou esperando o corpo resolver. Precisam reaprender a rejeitar exames que nada têm a ver com os sintomas e aí a mudança nos planos de saúde é até salutar, porque educativa.

Os novos planos têm uma mensalidade menor, mas o cliente paga uma taxa por cada consulta e cada exame que faz. A taxa é pequena, mas extremamente educativa e necessária para que a pessoa pense duas, três vezes, antes de pedir consultas e exames sem necessidade.

É um começo.

Posted by at 5:58 PM
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